Esta noite olhou-me o inverno.
Desvelado como uma aparição,
de olhos embalados na esperança.
Como as sementes na terra
espreitam o fulgir do dia.
Parecia querer
dizer-me da primavera
que há de vir,
nascida difícil
do seu parto frio,
húmido, rasgado e agudo.
O que seria da primavera sem inverno?
O que seria de amanhã sem hoje?